O primeiro artigo do Dossiê “Fim da Escala 6×1 e Redução da Jornada de Trabalho” traz uma reflexão profunda sobre os impactos da mercantilização da educação e a intensificação das jornadas de trabalho no ensino superior privado.
Intitulado “Mercantilização Financeirizada da Educação, Ensino Superior a Distância e Jornadas de Trabalho Jamais Vistas”, o texto é assinado pelos pesquisadores Roberto Leher e Amanda Moreira da Silva. O estudo analisa a realidade do ensino superior privado-mercantil, com destaque para o avanço do ensino a distância (EaD) e a crescente plataformização do trabalho docente, fenômenos que têm aprofundado a exploração e o controle sobre os professores.
A pesquisa mostra que o crescimento acelerado das matrículas em EaD não foi acompanhado por um aumento proporcional do número de docentes. Enquanto universidades públicas mantêm uma média de 12 alunos por professor, nas instituições privadas presenciais essa proporção chega a 52, e nos cursos a distância atinge números alarmantes, com até 168 estudantes por docente. Em algumas corporações educacionais, a relação ultrapassa 2 mil alunos por professor, configurando um cenário de superexploração e adoecimento profissional.
O artigo destaca ainda como a financeirização e o controle algorítmico — marcas do modelo de gestão baseado em plataformas digitais — impõem novas formas de intensificação do trabalho e de perda de autonomia docente. Essa lógica, segundo os autores, transforma a educação em mercadoria e compromete o caráter humano e social do ensino.
A publicação integra uma série de textos que serão lançados semanalmente, com o objetivo de subsidiar o debate público e sindical sobre a redução da jornada de trabalho sem redução de salários e o fim da escala 6×1. O dossiê reforça a necessidade de repensar o tempo dedicado ao trabalho e de garantir que a vida — dentro e fora do ambiente laboral — seja pautada pela dignidade e pela valorização humana.